O tema do artigo deste mês é inspirado no livro A coragem de ser imperfeito da autora Brené Brown. Dra. Brené Brown, professora e pesquisadora na Universidade de Houston, estuda há mais de duas décadas a coragem, a vulnerabilidade, a vergonha e a empatia. Escreveu os livros A coragem de ser imperfeito e Mais forte do que nunca, que ocuparam o primeiro lugar na lista do The New York Times.
A autora ousou tocar em assuntos que costumam ser evitados por causarem grande desconforto e neste artigo irei compartilhar com vocês algumas de suas ideias. Gostaria de te fazer um convite, que você vá lendo o texto e realizando uma auto reflexão.
Inicio com o trecho do discurso “Cidadania em uma República”, de Theodore Roosevelt, de abril de 1910, que a autora utiliza no prólogo do seu livro. Para a autora essas palavras do ex-presidente americano ecoam em tudo que aprendeu em anos de estudos sobre vulnerabilidade. E eu simplesmente corroboro com ela.
“Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue; que luta bravamente; que erra, se decepciona, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na verdade, se empenha em seus feitos; que conhece o entusiasmo, as grandes paixões; que se entrega a uma causa digna; que, na melhor das hipóteses, conhece no final o triunfo da grande conquista e que, na pior, se fracassar, ao menos fracassa ousando grandemente.”
Para Brené vulnerabilidade não é conhecer vitória ou derrota; é compreender a necessidade de ambas, é se envolver, se entregar por inteiro. Vulnerabilidade não é fraqueza; e a incerteza, os riscos e a exposição emocional que enfrentamos todos os dias não são opcionais. Nossa única escolha tem a ver com compromisso. A vontade de assumir os riscos e de se comprometer com a nossa vulnerabilidade determina o alcance de nossa coragem e a clareza de nosso propósito. Por outro lado, o nível que nos protegemos de ficar vulneráveis é uma medida de nosso medo e isolamento com relação a vida.
Quando passamos uma existência inteira esperando até nos tornarmos perfeitos para entrar na arena da vida, sacrificamos relacionamentos e oportunidades que podem ser irrecuperáveis, desperdiçamos nosso precioso tempo e viramos as costas para nossos talentos.
O interessante da pesquisa é que a autora buscou investigar o outro lado da moeda, sobre o que as pessoas que lidam bem com a vergonha e acreditam no próprio valor têm em comum, o que ela descreveu como pessoas plenas. Ela ainda nos deixa dicas do que precisamos nos esforçar para cultivar e lutarmos para nos libertarmos, para então atingirmos a plenitude da vida.
As pessoas plenas cultivam:
– Autenticidade; se libertam do que os outros pensam.
– Autocompaixão; se libertam do perfeccionismo.
– Personalidade flexível; se libertam da monotonia e impotência.
– Gratidão e alegria; se libertam do sentimento de escassez e do medo do desconhecido;
– Intuição e fé; se libertam da necessidade de certezas.
– Criatividade; se libertam da comparação.
– Lazer e o descanso; se libertam da exaustão como símbolo de status e da produtividade como fator de autoestima.
– Calma e tranquilidade; se libertam da ansiedade como estilo de vida.
– Tarefas relevantes, se libertam de dúvidas e suposições.
– Risadas, música e dança; se libertam de “estar sempre no controle”.
Para Brené viver plenamente quer dizer abraçar a vida a partir de um sentimento de amor-próprio. Isso significa cultivar coragem, compaixão e vínculos suficientes para acordar de manhã e pensar: Não importa o que eu fizer hoje ou o que eu deixar de fazer, eu tenho meu valor. E ir para cama à noite e dizer: sim, eu sou imperfeito, vulnerável e as vezes tenho medo, mas isso não muda a verdade de que também sou corajoso e merecedor de amor e aceitação.
A vergonha extrai seu poder do fato de não ser explanada. Essa é a razão pela qual ela não deixa os perfeccionistas em paz – é tão fácil nos manter calados! Se, porém, desenvolvermos uma consciência da vergonha a ponto de lhe dar nome e falar sobre ela, ela começará a murchar.
Então, chegando ao final da leitura, te faço uma pergunta, você é aquela pessoa que vive na arena da vida, sob todas as intempéries, medos, desafios e segue em frente, ou aquela que se aquieta na arquibancada observando a vida passar, ou pior ainda, criticando quem está peleando?