Não tem como passarmos por esta vida sem termos tido a experiência de perder, em algum momento, um ente querido, um amigo… O que muda de pessoa para pessoa é a forma como se lida com esta experiência. De forma geral existem algumas datas que comovem mais e acabam trazendo a tona todos aqueles sentimentos, que já acreditávamos ter superado. Agora teremos os finados, e ali na frente teremos as festas de finais de ano, mas também datas como aniversários, data de falecimento são períodos que nos sensibilizamos mais.
Final de ano é sinônimo de alegrias, renovar as esperanças, nos reunirmos com aqueles que amamos… mas e quando falta aquela pessoa querida, que já não se faz mais presente? Já ouvi de pacientes que depois que determinada pessoa faleceu estas festas não fazem mais sentido… e este sentimento pode sim ser um consenso entre muitas pessoas.
Por este motivo resolvi dedicar este artigo para falarmos um pouco sobre este assunto, pois embora estejamos vivendo em uma sociedade que parece não permitir momentos de infelicidade, perdas e de tristeza, é fundamental abrir o diálogo e quebrar o tabu que envolve a dor de perdas, a dor do luto.
O Luto é um processo de elaboração de perdas, que normalmente está relacionado a rompimentos de vínculos afetivos. O luto é individual, ninguém vai senti-lo da mesma forma. O processo de luto é complexo, pois transita por aspectos físicos, emocional, social e espiritual. Devemos falar sobre o tema para, cada vez mais, desmistificarmos os conceitos que relacionam o luto a doença.
O luto é inevitável e esperado. Deve ser vivenciado para que a pessoa consiga se restabelecer, se reorganizar novamente, buscando encontrar novos sentidos para sua vida. Este é um momento de intenso sofrimento e ressignificação, que deve ser respeitado. Podemos pensar metaforicamente em um grande quebra cabeça, onde uma peça foi retirada e não poderá mais retornar. Não terá mais nenhuma peça que preencherá aquele espaço, exatamente daquela mesma forma, o que teremos que fazer é aprender a conviver com esta falta.
O papel das pessoas que convivem com uma pessoa enlutada é respeitar, desenvolver a empatia e se colocar a disposição nesse momento. Em alguns casos, que chamamos de luto complicado, recomenda-se o acompanhamento de um profissional habilitado para auxiliar no restabelecimento da pessoa, para que aos poucos ela possa aprender a viver além da perda, aprender a viver com a ausência da pessoa que partiu.
Ouvi de uma pessoa tempos atrás uma metáfora sobre o luto que gosto de compartilhar com pacientes. A metáfora comparava o luto a andar em uma roda gigante no escuro, você está bem, lá em cima e de repente de uma hora para outra, alguma lembrança faz com que você desça rapidamente e vivencie tudo novamente. Mas nestes momentos gosto de lembrar do seguinte provérbio chinês: você não pode impedir que os pássaros da tristeza voem sobre a sua cabeça, mas pode, sim, impedir que façam ninho em seu cabelo.
Se você esta vivenciando um momento e luto ou conhece alguém que esteja neste estado e precisa de ajuda, procure falar mas sobre o assunto e quem sabe até procurar o acompanhamento de um psicólogo.
O mais importante é respeitarmos quem esta vivenciando essa fase difícil e desenvolvermos a empatia, sempre!
Usualmente aqueles que necessitam ajuda psicológica apresentam dificuldade em:
» Expressar a dor;
» Lidar com a ambivalência de sentimentos;
» Aceitar a nova realidade;
» Assumir novos papéis;
» Lidar com o luto familiar e com a sociedade.
Além disso, há casos nos quais a psicoterapia é indicada, como em situações de:
» Perda traumática;
» Vulnerabilidade pessoal;
» Falta de apoio social;
» Adoecimento físico relacionado à perda;
» Presença de Transtornos Psiquiátricos.
Como a psicoterapia pode me ajudar?
A psicoterapia visa a prevenção de complicações associadas ao luto, melhorar a qualidade de vida e oferecer suporte ao enlutado para seguir vivendo diante da nova situação imposta pela perda.
A psicoterapia também visa tratar a pessoa que se vê moderada ou severamente afetada pela perda, cujo funcionamento habitual está comprometido do ponto de vista psicológico, físico, social e/ou espiritual. Durante o tratamento, a psicoterapia ajuda o enlutado no processo de construção de sentido e significado da perda e do novo momento de vida, fortalecendo e desenvolvendo seus recursos de enfrentamento.