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Por que é tão difícil perdoar?

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Nem todos conseguem ou são capazes de dar o primeiro passo para oferecer o perdão. A razão disso reside na crença de que o perdão é uma forma de fraqueza. Ao contrário, o perdão se refere a um ato de coragem através do qual as pessoas deixam de lado aquilo que as feriu e as consome, para aceitar o que aconteceu e seguir em frente.

Perdoar verdadeiramente é difícil sim, é um processo que exige que coloquemos em jogo muitos dos nossos recursos emocionais. Dificilmente ele é produzido de forma automática e espontânea, principalmente se a ferida tiver sido profunda. Auxílio psicológico muitas vezes se faz necessário.

O perdão é um processo emocional complexo que evoca emoções difíceis de digerir, está relacionado a ressentimento, rancor, ira, raiva, tristeza e até paranoia. Lidar com todos estes sentimentos pode não ser fácil, mas é muito necessário não só para a nossa saúde mental, mas acreditem, a física também. Tudo aquilo que esta na mente repercute no corpo. Estudos científicos estabelecem uma clara relação entre a dor física e processos emocionais, com a dificuldade de perdoar.

Pode-se dizer que o corpo grita a palavra não falada. Não perdoar é viver no passado, presos a um sentimento que não evolui. Um rancor mascarado que se estanca e se alimenta de forma muito negativa. Podemos pensar fazendo uma analogia a um carvão em brasas que seguramos nas mãos, esperando o melhor momento para arremessá-lo a pessoa pela qual nutrimos este sentimento. Obviamente o dano maior é de quem o segura.

Ofertar o perdão pode ser uma oportunidade para se libertar de amarras negativas do passado e seguir em frente. Quem não perdoa limita as suas dificuldades de amar, impedindo a chance de viver novas possibilidades e ter mais satisfação na vida pessoal.

Perdoar pode não significar necessariamente esquecimento, mas sim poder lembrar o ocorrido e permanecer em paz com o outro e consigo mesmo. Ao perdoarmos nos livramos do sentimento de amargura que pode nos aprisionar em torno de uma memória negativa. Ainda que a injustiça ocorrida tenha sido grande, ela não deve nos contaminar por completo. Perdoar é preciso e trata-se de um grande desafio de MATURIDADE E EXPERIÊNCIA.

Quando mantemos uma relação de mágoa, nos permitimos sermos controlados por outra pessoa, revivendo e constantemente ruminando a situação, ficamos ligados a tal pessoa e ao nosso objeto de ressentimento. É necessário, para a nossa saúde física e mental que absolvamos o causador do mal para então rompermos este vínculo e viver livremente.

As pessoas que são capazes de perdoar as outras, merecendo ou não, vivem melhor. Elas não aceitam continuar na condição de VÍTIMAS. Com sabedoria a raiva é substituída pela compaixão. Devemos aceitar e enxergar a condição incompleta de cada um de nós (inclusive a nossa) e as vantagens de passar por cima dos conflitos, para que possamos viver de forma mas livre e intensa. Perdoar sem dúvidas é um ato de amor próprio!

Deixo algumas dicas e motivos que podem nos auxiliar neste caminho do perdão e do melhor viver:

– Perdoar não é esquecer, é aprender a pensar melhor e entender que não somos obrigados a facilitar uma reconciliação, mas a aceitar o que aconteceu sem nos sentirmos “fracos” por dar esse passo. Perdoar é nos libertarmos de muitas cargas que não merecemos carregar ao longo da vida.

-O ódio tira a energia, o ânimo e a esperança. Devemos, portanto, aprender a perdoar para sobreviver e viver com mais dignidade.

-O perdão é um processo. Talvez nunca possamos perdoar completamente a outra pessoa, mas podemos descarregar uma boa parte de todo ressentimento para poder “respirar” um pouco melhor…

-Perdoar faz bem a você mesmo, você deixa de lado as mágoas e consegue focar mais em coisas positivas para si.

-Você deve analisar os fatos e acontecimentos com uma visão mais realística, tirando a visão embaçada de imaturidade e ressentimentos.

-Você deve se permitir viver novas possibilidades, sentindo-se mais livre para abraçar o mundo e viver sem medo de confiar nos outros novamente.

Por fim, reafirmo, perdoar não é sinal de fraqueza ou ingenuidade. Ao contrário, fazer isto o coloca em posição de superioridade, imbuído do poder de limpar a alma com relação a quem lhe causou mal. Lembre-se praticar o perdão é seu maior ato de amor próprio! Perdoar é, portanto, uma das melhores habilidades e virtudes que podemos desenvolver como seres humanos. Se estiver muito difícil pra você perdoar busque ajuda profissional!

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Lidiane Klein

Especialista em Neuropsicologia pela UFRGS, Mestre em Psicologia e Saúde pela UFCSPA e Doutoranda em Ciências da Reabilitação. Trabalho com avaliação neuropsicológica, psicoterapia, reabilitação, intervenção neuropsicológica e estimulação cognitiva, principalmente para adultos e idosos.

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