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São tantas emoções, CORONAVÍRUS!

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Estamos vivendo um cenário de dúvidas e incertezas devido a pandemia do coronavírus, e este panorama é propício para que muitas emoções e sentimentos aflorem em cada um de nós. É importante que possamos nos ouvir neste momento e tenhamos a capacidade de nomear aquilo que estamos sentido.

A quarentena e todas as imposições chegaram de forma muito rápida a todos nós, ficou difícil de assimilar tantas mudanças. Nosso psiquismo necessita de um tempo, que difere de uma pessoa para outra, para assimilar tudo que se impôs. Algumas pessoas podem ter mais dificuldades de adaptação do que outras.

Na psicologia existe o termo resiliência, que é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros, sem entrar em surto emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades. Existem pessoas que além de enfrentar os problemas, ainda são capazes de se beneficiarem com eles, aprender e crescer emocionalmente.

O contrário também é verdadeiro e algumas pessoas terão mais dificuldades no enfrentamento as adversidades da vida. E é importante que elas saibam que está tudo bem. Não precisamos nos cobrar tanto neste momento, porém é importante a busca de um fortalecimento emocional.

Mas como, em meio a tudo isso que estamos vivendo, poderemos encontrar um equilíbrio ? A resposta não é muito fácil e irá necessitar de você reflexões sobre as suas emoções. Mas para isso precisará entende-las. Tentarei neste artigo de uma forma simples e didática te mostrar como elas funcionam. Escolhi para exemplificar a emoção primária do medo, a qual acredito acompanhar muitos de nós neste período.

Pensando a emoção medo, num primeiro momento poderemos pensar que ela é negativa, mas na verdade se bem administrada ela tem a função de nos proteger. O medo tem a função fundamental de assegurar a sobrevivência, se não tivéssemos medo, nos colocaríamos mais frequentemente em risco. Podemos exemplificar com o coronavírus, se uma pessoa relata não ter medo de contrair o vírus e não faz nada para se proteger, ela esta colocando sua vida em risco.

Nosso medo é ativado, de forma automática, quando detecta uma ameaça, fazendo com que busquemos maneiras de sair da situação. É um mecanismo adaptativo ao entorno e a perigos envolventes, sua função é nos proteger de situações de risco. Quando sentimos medo é como se um alarme soasse em todo corpo, várias substâncias são liberadas no nosso cérebro, nos colocando em um estado de alerta.

O problema do medo é quando ele se torna desproporcional e passa a mesclar com ansiedade e estresse, que possivelmente afetará o nosso sono e trará reações emocionais e físicas, causando um desequilíbrio no nosso sistema. Podemos fazer uma analogia a um rádio ligado, cujo som está alto ou baixo de mais, precisaremos ajustar o volume ao nosso ouvido. Assim são as emoções, precisamos modula-las para mantermos todo o equilíbrio necessário para enfrentar essa crise. Nosso psiquismo possui mecanismos internos de ajuste, que precisam entrar em ação.

Quando o medo esta conjugado a ansiedade, de forma permanente, cria-se o hábito de o organismo responder de uma forma desproporcional, o que vai ativar o nosso sistema de estresse, que sobrecarregará o nosso organismo liberando algumas substâncias como a adrenalina, noradrenalina e cortisol, que se em excesso irão prejudicar a nossa saúde, inclusive diminuindo a nossa imunidade.

Precisaremos modular estas emoções, mexendo neste estado de alerta. Primeiramente devemos monitorar os nossos pensamentos, parar de ficar imaginando o que poderá acontecer. Devemos focar no presente, pois a maioria das coisas que imaginamos não irá acontecer, claro que se agirmos de acordo com as recomendações.

Para modularmos, ou seja, equilibrarmos as nossas emoções é necessário que nos conectemos conosco mesmo, através do autoconhecimento, refletindo sobre cada uma destas emoções. Depois de entender o seu funcionamento, fica mais fácil a compreensão do que sentimos e uma provável homeostase do sistema.

A meditação pode ser um importante recurso para nos equilibrarmos. Pelo Youtube temos acesso a diversos tipos de meditação, inclusive meditações guiadas, para quem não tem a familiaridade com a técnica. Existem estudos científicos, que através da ressonância funcional, comprovou que a meditação acalma os nossos processos mentais, fortalece o sistema imunológico e fisiológico, o que nos torna menos reativos e mais equilibrados.

A psicoterapia também é uma forte alinhada para você desenvolver o seu autoconhecimento e aprender a lidar melhor com as suas emoções. Atualmente os serviços estão sendo oferecidos de forma online.

Tenha em mente que este período irá passar, um dia olharemos para trás e serão só lembranças. Mas é importante nos fortalecermos para fazer esta travessia, para que ela não seja tão dolorosa e nos deixe marcar profundas. Os danos emocionais em situações de muito estresse são invisíveis num primeiro momento, e podem evoluir para patologias graves, por isso a prevenção e o autocuidado é a melhor escolha.

Forte abraço,

Lidiane Klein – Psicóloga

Especilização em Neuropsicologia-UFRGS

Mestre em Psicologia e Saúde – UFCSPA

Doutoranda em Ciências da Reabilitação – UFCSPA

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Lidiane Klein

Especialista em Neuropsicologia pela UFRGS, Mestre em Psicologia e Saúde pela UFCSPA e Doutoranda em Ciências da Reabilitação. Trabalho com avaliação neuropsicológica, psicoterapia, reabilitação, intervenção neuropsicológica e estimulação cognitiva, principalmente para adultos e idosos.

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