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Quando o corpo reflete as dores da mente

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No artigo deste mês resolvi escrever sobre somatizações ou dores psicossomáticas. Esta é uma das temáticas recorrentes no consultório, mas nem tão fácil de diagnosticar, ocorre quando as emoções ou problemas de ordem psicológica se manifestam por meio de sintomas físicos.

A somatização é um processo pelo qual uma pessoa converte angústias, preocupações e tensões emocionais em sintomas físicos. Isso significa que uma pessoa experimenta sintomas físicos reais, como dores, fadiga, desconforto gastrointestinal, palpitações, ou outros problemas de saúde, mas esses sintomas não têm uma causa física identificável. Ou seja, somatizar é apresentar sintomas no corpo, não tendo a doença física como geradora de desconforto.

De alguma forma, todos nós somatizamos, em diferentes situações da vida. A somatização é uma maneira do nosso corpo deixar claro que algo na mente não está passando bem, sendo uma resposta aos nossos conflitos internos, sejam eles aqueles que temos consciência ou mesmo em nível inconsciente.

Esses sintomas somáticos geralmente não podem ser explicados por condições médicas conhecidas ou por exames clínicos. Em vez disso, eles estão relacionados a fatores psicológicos, como estresse, ansiedade, depressão ou outros conflitos emocionais não resolvidos. A somatização pode ser uma forma de expressão do sofrimento emocional quando temos dificuldade em lidar diretamente com nossas emoções.

É importante observar que a somatização não significa que os sintomas não sejam reais ou que a pessoa esteja fingindo. Pelo contrário, as pessoas que sofrem de somatização geralmente experimentam esses sintomas de forma muito reais e angustiantes.

É importante destacar que a somatização não exclui a possibilidade de uma causa médica subjacente, e é fundamental que os profissionais de saúde realizem uma avaliação completa para descartar problemas de saúde física antes de diagnosticar a somatização.

As causas da somatização são complexas e podem variar de pessoa para pessoa. No entanto, existem vários fatores que estão frequentemente associados a esse aspecto. Algumas das principais causas e fatores de risco incluem:

Estresse e ansiedade: O estresse psicológico e a ansiedade são frequentemente relatados como desencadeadores ou contribuintes para a somatização. O corpo reage ao estresse emocional de maneiras que podem levar ao desenvolvimento de sintomas físicos, mesmo na ausência de uma doença física subjacente.

Depressão: A depressão pode estar ligada à somatização, com sintomas como fadiga, dores no corpo e problemas gastrointestinais frequentemente se manifestando em pessoas com depressão.

Trauma: Indivíduos que passaram por traumas significativos, como abuso físico, abuso sexual, traumas de guerra ou outros eventos traumáticos, podem somatizar como uma forma de lidar com as emoções e o estresse associado ao trauma.

História pessoal: Pessoas que têm uma história de experiências médicas negativas, como diagnósticos incertos, procedimentos médicos invasivos ou hospitalizações prolongadas, podem ser mais propensas à somatização.

Fatores psicossociais: Condições sociais, econômicas e familiares, como conflitos familiares, desemprego, isolamento social e outros fatores estressantes, também podem desempenhar um papel na somatização.

Vulnerabilidade emocional: alguns indivíduos têm uma predisposição à somatização devido a características de personalidade, como neuroticismo ou hipocondria.

O psicólogo é o profissional da saúde mais indicado para diagnosticar os sintomas psicossomáticos. A psicoterapia identifica quando os sintomas são de origem emocional e atua em colaboração ao atendimento médico. Os tratamentos dos transtornos psicossomáticos são feitos de acordo com cada experiência e história de vida. Todo atendimento psicológico é personalizado, com o levantamento de informações que contribuam com a identificação da origem do problema e possam delinear o caminho terapêutico mais eficiente.

 

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Lidiane Klein

Especialista em Neuropsicologia pela UFRGS, Mestre em Psicologia e Saúde pela UFCSPA e Doutoranda em Ciências da Reabilitação. Trabalho com avaliação neuropsicológica, psicoterapia, reabilitação, intervenção neuropsicológica e estimulação cognitiva, principalmente para adultos e idosos.

Este post tem um comentário

  1. Vera Gomes

    Perfeito Dra Lidiane exatamente assim que que acontece quando alguma coisa não está bem comigo ! Costumo sempre dizer :
    Meu corpo fala por mim ! Adorei a leitura 😘

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