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Suicídio: Precisamos falar sobre!

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O principal objetivo da campanha Setembro Amarelo é a conscientização sobre a prevenção do suicídio, buscando alertar a população a respeito da realidade da prática no Brasil e no mundo. Para o Setembro Amarelo, a melhor forma de se evitar um suicídio é através de diálogos e discussões que abordem o problema.

Suicídio é o ato de tirar a própria vida intencionalmente. Também fazem parte deste comportamento os pensamentos suicidas, planos e tentativas de morte, assim como os transtornos relacionados ao problema.

O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia. 

 Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade. 

As razões podem ser bem diferentes, porém muito mais gente do que se imagina já pensou em suicídio. Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade.

Compartilho com vocês os principais mitos e verdades quando falamos de suicídio.

– Quando alguém sobrevive à tentativa de suicídio é sinal de que vai ficar tudo bem.

Esse é um grande mito envolvendo o tema, pois os riscos após uma tentativa de suicídio não são reduzidos automaticamente. Muitas pessoas fazem tentativas consecutivas em um curto intervalo de tempo.

 Depois do tratamento, não há risco de nova tentativa de suicídio.

O risco de suicídio deve ser monitorado mesmo após a alta de um tratamento psicológico e/ou psiquiátrico.

 Criança não se mata

Infelizmente, os casos de suicídio infantil ocorrem. No entanto, podem estar subnotificados, pois nem sempre as circunstâncias da morte ficam evidentes, podendo-se confundir suicídio com um acidente.

 Falar sobre suicídio induz as pessoas a se matarem.

Ao contrário do que se pode imaginar, falar sobre suicídio de forma profissional e bem organizada é uma forma eficaz de orientar as pessoas e estimular para que encontrem outras formas de lidar com o seu sofrimento.

 Pessoas que pensam em se matar estão, obrigatoriamente, deprimidas.

Diversas circunstâncias podem estar relacionadas a uma tentativa de suicídio. A depressão costuma estar presente em muitos casos, mas não é o único fator de risco.

Transtornos de humor como a bipolaridade e o abuso de substâncias lícitas (bebidas alcoólicas) e ilícitas também possuem importante correlação com tentativas de suicídio.

 Quem pensa em se matar fica triste o tempo todo.

Esse mito reflete uma visão estereotipada das pessoas que apresentam ideação suicida, pois a tristeza não costuma ser manifestada constantemente. As manifestações de tristeza podem ocorrer intercaladas com manifestações de raiva, desesperança e medo. 

 Pessoas inteligentes não se matam.

A inteligência não é capaz de evitar isoladamente uma tentativa de suicídio. Pessoas inteligentes podem ser acometidas de patologias mentais.

Quem planeja se matar está determinado a morrer.

Ao contrário. Existe ambivalência entre viver e morrer. A pessoa muitas vezes não deseja a morte, mas uma vida diferente, uma saída para seu sofrimento.

-Quem fala sobre suicídio não tem a intenção de cometê-lo.

Pessoas que falam sobre suicídio estão procurando ajuda ou suporte.

-A maioria dos suicídios ocorre sem alerta.

A maioria dos casos de suicídio é precedida por sinais de alerta verbais ou comportamentais.

-A tentativa de suicídio é só para querer aparecer.

A tentativa é um sinal de alerta de que a pessoa está em grande sofrimento.

-Quem se mata é fraco ou corajoso.

Não se deve julgar. É preciso compreender a situação e indicar à pessoa o atendimento adequado.

-Depois de uma tentativa de suicídio, a melhora rápida significa que o perigo já passou.

A pessoa se mostrar mais calma não significa que o problema se resolveu. Ela pode estar mais calma justamente por já ter se decidido pelo suicídio como forma de terminar seu sofrimento, aguardando apenas uma oportunidade. O início do tratamento/recuperação da depressão é um momento crítico que requer o máximo cuidado.

– Não se deve perguntar se a pessoa está pensando em se matar porque isso pode induzi-la ao suicídio.

Ao perceber sinais de que a pessoa está pensando em suicídio, o tema deve ser abordado abertamente. Porém, com cautela e atitude de acolhimento. Proporcionar um espaço para falar sobre seu sofrimento, de forma respeitosa e compreensiva, favorece o vínculo, mostrando que nos importamos com ela e que outras saídas são possíveis.

Se você está deprimido ou angustiado, sem vontade de viver, é fundamental buscar ajuda o mais rápido possível. Existem alternativas ao suicídio e buscar o auxílio adequado é o primeiro passo. Os acompanhamentos médicos e psicológicos são as maneiras mais eficazes de tratamento.

 

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Lidiane Klein

Especialista em Neuropsicologia pela UFRGS, Mestre em Psicologia e Saúde pela UFCSPA e Doutoranda em Ciências da Reabilitação. Trabalho com avaliação neuropsicológica, psicoterapia, reabilitação, intervenção neuropsicológica e estimulação cognitiva, principalmente para adultos e idosos.

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